Hoje vamos contar a história de Sebastião Ferreira Maia, mais conhecido como Tião Maia — considerado por muitos o maior, e certamente o mais polêmico, fazendeiro da história. Seu nome não só ecoou por todo o Brasil, mas também conquistou o mundo graças ao seu jeito inovador de administrar fazendas. Tião chegou a possuir mais de 1 milhão de hectares de terra e inspirou o famoso personagem Senhorzinho Malta, da novela Roque Santeiro.
Tião Maia nasceu em 1916, na cidade de Passos, interior de Minas Gerais. Apesar de não ter concluído os estudos, isso nunca o impediu de crescer na vida. Na década de 1950, foi pioneiro ao se tornar o primeiro empresário brasileiro a possuir um frigorífico, em um mercado até então dominado por estrangeiros. Seu frigorífico, o Tião Maia de Araçatuba, em São Paulo, se tornou um dos mais importantes da época.
Há boatos de que grandes nomes da política, como Juscelino Kubitschek e João Goulart, teriam sido seus sócios em negócios, mas essa informação nunca foi confirmada.
Durante a ditadura militar, Tião foi acusado de sonegação de impostos e chegou a ser preso por alguns dias. Revoltado, decidiu vender todos os seus bens no Brasil e deixou o país com uma mala cheia de dólares.
Seu destino? A Austrália. Lá, comprou 1,2 milhão de hectares de terra, montando duas gigantescas fazendas: Lawn Hill e Julia Creek, no estado de Queensland. Ele adquiriu as terras a preços acessíveis para a época e introduziu 65 mil cabeças de gado.
Seu modo ousado de fazer negócios — unindo pequenas propriedades em gigantescos latifúndios — assustou as autoridades australianas. Convocado pelo governador para dar explicações, Tião mostrou que sua visão estava à frente do seu tempo: ele sabia que o mercado da pecuária australiana ainda iria explodir. E foi exatamente o que aconteceu a partir de 1977.
Com o aumento do preço da carne, Tião Maia se tornou um dos maiores criadores de gado da Austrália, utilizando helicópteros para gerenciar suas propriedades e mantendo um plantel de mais de mil cavalos de raça. Por não falar inglês, contratou muitos funcionários brasileiros para ajudá-lo.
A sorte sorriu ainda mais para Tião quando descobriram uma jazida de zinco em uma de suas fazendas. O governo australiano expropriou a área, pagando um valor 30% acima do que ele havia investido — e ainda permitiu que ele continuasse criando gado mediante o pagamento de uma taxa.
Com tanto dinheiro, Tião passou a frequentar cassinos em Las Vegas, namorar mulheres bem mais jovens e até comprou um luxuoso Rolls-Royce cor-de-rosa. Criou a empresa Tião United States e começou a investir na construção de condomínios residenciais nos EUA. Comprou também uma mansão em Las Vegas, parecida com a Casa Branca, e tentou até ter uma fazenda no Texas — que acabou não dando certo.
Tião também foi um dos primeiros empresários brasileiros a possuir um avião particular e participou da formação da companhia aérea que deu origem à atual TAM Linhas Aéreas.
Após sofrer um aneurisma em 1998, Tião Maia voltou ao Brasil, onde viveu recluso em um apartamento em São Paulo. Ele passou anos em tratamento, mas nunca se recuperou totalmente. A administração de seu vasto império foi passada para seu sobrinho, Aramis Maia.
Na época, o patrimônio de Tião incluía:
Tião Maia faleceu em 5 de março de 2005, aos 89 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Tião dividia opiniões: amado por uns e criticado por outros. Mas é inegável seu papel pioneiro no desenvolvimento da pecuária de corte na Austrália e sua enorme contribuição para o agronegócio mundial.
Curiosamente, ele era irmão de outro gigante do setor: Garon Maia, fundador de mais de 50 fazendas e figura igualmente lendária, mas com um estilo de vida muito mais reservado e simples.
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27 de abril de 2025 
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